Tive a oportunidade de conhecer tanto o Válber quanto o Edilson Osorio Junior, que foram pioneiros em suas áreas. O projeto deles era sensacional. Infelizmente, ambos mexeram no calo de um dos pés mais fortes do país: o monopólio dos cartórios — talvez o maior símbolo de atraso que temos no Ocidente. O resultado é que ambos tiveram perdas relevantes: Edilson teve que sair do país e o Válber perdeu a titularidade do seu cartório, que existe desde a época do Império. Felizmente, monopólios não são capazes de conter o avanço da tecnologia em 100%. Hoje é possível assinar e validar documentos usando o Gov.br e reduzir um enorme tempo e custo com autenticações, e o uso de blockchain para validação jurídica também já possui precedentes. Se você é de João Pessoa, especialmente, precisa conhecer essa história.

O monopólio da burocracia

Chegamos na última DZCM de 2025. E nesta edição vamos te mostrar como usar uma passphrase para garantir a proteção da sua carteira. Mas, principalmente, como evitar que essa proteção se torne um risco de ruína.

DZCM #73: vantagens e riscos de uma passphrase

A última newsletter do ano

A Nakamoto (cód. NASDAQ: NAKA) recebeu, no dia 12 de dezembro, uma notificação de deslistagem da Nasdaq, maior bolsa de tecnologia dos EUA. Uma das várias Bitcoin Treasury Companies (BTCos) que surgiram na esteira deixada pela Strategy, a Nakamoto Holdings tem mais de 5.300 BTC em caixa. Seu mNAV, no entanto, está abaixo de 0,9, o que indica que a empresa não está conseguindo gerar o valor esperado aos acionistas com o seu estoque de Bitcoins. Como resultado, a ação da empresa foi duramente penalizada na bolsa. Em maio deste ano, cada ação custava cerca de US$ 34, mas no pregão de sexta-feira (19) os papéis fecharam em US$ 0,39. Em outras palavras, a NAKA perdeu quase 99% do seu valor num espaço de apenas seis meses. Tal queda faz a empresa não cumprir o requisito de preço mínimo de oferta de US$ 1,00 por 30 dias consecutivos, que é obrigatório para uma empresa manter suas ações na Nasdaq. Agora a Nakamoto tem 180 dias para conseguir reverter esse quadro e fazer as ações serem negociadas acima de US$ 1,00, sob pena de ver os papéis serem removidos. Ela pode fazer isso através de um grupamento de ações, por exemplo, transformando 10 em 1 — o que faria o preço dos papéis sair de US$ 0.39 para US$ 3,90 Este evento marca a primeira vez que uma empresa de tesouraria de Bitcoin enfrenta a possibilidade de remoção de uma das principais bolsas de valores dos EUA desde a expansão acelerada do setor entre 2024 e 2025. O colapso da empresa mostra que não basta uma companhia ser uma BTCo: o investidor precisa ficar atento aos dados da empresa. Sobretudo, ficar atento a como ela financia suas compras de Bitcoin. A Nakamoto, por exemplo, utilizou um frágil sistema de investimento privado, vendendo ações com desconto de até 60%, mas estabelecendo um período de bloqueio de vendas (lock-up) de até 180 dias. À medida que o lock-up acabava e os investidores vendiam suas ações, a Nakamoto viu seu valor despencar a cada pregão, gerando uma destruição imensurável de valor. Nem toda BTCo é a nova Amazon, e o fato delas comprarem Bitcoin não pode servir como desculpa para abandonarmos os critérios de análise: Fonte da imagem:

Nakamoto Dashboard

The Bitcoin Treasury Company Bringing Bitcoin to Global Capital Markets

Japão confirmou a alta de 25 pontos-base (0,25%) em sua taxa de juros. Com expectativa de pelo menos mais uma alta até setembro. Com esse novo aumento, a taxa de juros nipônica chegou a 0.75% ao ano. Pouco? Levando em conta os padrões brasileiros, sim; para o histórico japonês, contudo, trata-se da maior taxa básica de juros desde 1995. Naquele ano o país já vivia o fim da bolha imobiliária que estourou a partir de 1989, e criou uma crise que se prolonga até hoje. Nos anos seguintes, o Japão tornou-se o primeiro país do mundo a ingressar no experimento heterodoxo dos juros negativos, que uma década e meia depois chegaria até a Europa. Por enquanto o Bitcoin reagiu bem, saindo de US$ 85.000 para perto de US$ 88.000. Isso contrariou as expectativas imediatas dos traders que apostavam numa queda forte de preço, o que causou liquidações de posições vendidas (short) na casa dos US$ 40 bilhões. A redução do carry trade aparentemente estava precificada.

Até a semana passada, a última vez que o Vasco havia chegado em uma final nacional havia sido na Copa do Brasil de 2011. Naquela ocasião, o segundo jogo da final (que celebrou o título cruzmaltino) ocorreu no dia 8 de junho daquele ano. E de acordo com os dados históricos, o preço do Bitcoin valia cerca de US$ 30,00. Ontem (17/12), o preço de um BTC era de US$ 86.000, aproximadamente. Isso significa que nesses quase 15 anos, o Bitcoin teve um retorno de aproximadamente 286.567% de valorização. Ou seja, o ativo multiplicou seu valor em cerca de 2.867 vezes em relação ao preço inicial. Ou, em termos anuais, o Bitcoin teve uma alta de 63,1% neste período (já levando em consideração os anos de bull market). Desde que o Vasco ganhou seu último título nacional, nenhum ativo no planeta teve desempenho melhor do que o Bitcoin. O S&P 500, por exemplo, teve um retorno total de “apenas” 484% no período, ou cerca de 11,8% de retorno médio anual. As “Mag7”, que são as maiores empresas de tecnologia, se valorizaram entre 1.000% e 3.000%, com retornos anuais que podem chegar a, no máximo, 32% – pouco mais da metade dos ganhos do Bitcoin. E mesmo o ouro, que foi um dos melhores ativos de 2025 em termos de valorização, apenas triplicou de preço em 15 anos, com retornos de 208%, o que dá pouco mais de 7,8% em ganhos anualizados. Levando em conta o padrão, quanto 1 Bitcoin valerá quando o Vasco chegar em outra final nacional? Foto: LANCE!

Seus Bitcoins estão realmente seguros? Caso contrário, o texto de hoje fala sobre uma das melhores camadas de proteção para sua carteira.

DZCM #72: proteja seus Bitcoins com multisig

Função evita perda de senhas, roubos e ainda serve como "testamento digital".

Quem esperava Bitcoin barato para poder comprar tem uma excelente oportunidade agora. Se vocês ainda não chegou em 0.1 ou 0.01 BTC, trace essas metas e aproveite justamente esses momentos de queda. Sob todos os indicadores, Bitcoin ainda está barato.

Hoje (12/12), completaram-se 15 anos desde que Satoshi Nakamoto “abandonou” sua maior criação: o Bitcoin. Em uma publicação no fórum Bitcointalk, Satoshi afirmou que iria “dedicar-se a outros projetos” (há quem diga que ele participou da criação do Zcash, mas é especulação), entregou a responsabilidade do Core para Gavin Andressen e sumiu. Desde então ele nunca mais reapareceu ou fez qualquer publicação — nem mexeu nos seus quase 1 milhão de Bitcoins acumulados em quase dois anos presente na rede. São mais de US$ 120 bilhões que nunca foram tocados em uma década e meia. O sumiço de Satoshi foi um dos fatores que levou o Bitcoin a se tornar a maior e mais descentralizada criptomoeda do mundo. Não há quem processar, não existe um nome que o estado pode perseguir ou pressionar para fazer mudanças no Bitcoin. “Ah, mas se Satoshi voltar ele pode controlar a rede!” Não pode. Hoje existem mais de 24.000 full nodes que aprovam os blocos e mantêm a descentralização. Mesmo que Satoshi voltasse, ele seria apenas mais um node (“um nó, um voto”) e teria que seguir as regras do protocolo como todos os outros. Regras que, como disse o próprio, “estão escritas em pedra uma vez que o código foi lançado”. Ninguém controla o Bitcoin, nem sequer o seu criador.

Outrora o maior clube do Brasil, o São Paulo entra no 17º ano de sua decadência em todos os aspectos — esportivo e de gestão. Isso tem muito a ver com o modelo adotado pelo clube, que era seu maior trunfo no passado, mas que foi a receita para a sua destruição. Este é o tema da edição extra da DZCM, que traz paralelos com o Bitcoin. Confiram.

DZCM #71: como a decadência do São Paulo expõe os riscos da centralização

E de que formas o Bitcoin pode evitar isso

Estima-se que toda a riqueza global (incluindo ações, imóveis e títulos de dívida) valha em torno de US$ 900 trilhões. Se o Bitcoin captar apenas 1% desse total nos próximos 10 anos, significa que ele terá um valor de mercado de US$ 9 trilhões. Ou seja, aproximadamente US$ 500 mil por Bitcoin, levando em conta este cenário. Você acha impossível? Pois não é. Desses US$ 900 trilhões, boa parte está alocada como reserva de valor em ativos que não deveriam ter esse propósito. Pense na pessoa que tem dois ou três imóveis, ou do aposentado que investe em ações. Eles não fazem isso porque querem mais de uma casa para morar, mas sim para evitar que seu dinheiro perca valor. Muitos investidores de ações usam esse capital para ter alguma forma de preservar poder de compra. Por isso que os preços dos imóveis e índices de ações explodiram de preço ao longo das décadas. Grande parte desses ativos está sendo usada apenas como reserva de valor, como uma forma de se proteger da gradual e inevitável destruição do poder de compra das moedas fiduciárias. O Bitcoin oferece a estas pessoas uma opção muito melhor, mais segura e mais eficiente de guardar valor ao longo do tempo. E quando a maioria da população perceber isso, US$ 9 trilhões será uma meta muito baixa de valor de mercado.

Este texto foi colocado pela Twenty One Capital, empresa liderada por Jack Mallers e que já é a terceira maior Bitcoin Treasury Company do mundo. Trata-se de algo tão simples e bem escrito que poderia virar a 28ª Emenda da constituição dos EUA. Afinal, esta frase se apresenta como um “direito negativo”, exatamente como as quatro primeiras emendas da constituição. Um dos pilares históricos do crescimento dos EUA foi a consolidação do dólar como uma moeda lastreada em algo sólido — prata primeiro, seguido pelo ouro. Foi algo tão imprescindível que os Pais Fundadorss estabeleceram pena de morte para quem falsificasse prata ou ouro. Hoje, no padrão fiduciário cujo modelo define a forma como lidamos com o dinheiro, a falsificação tornou-se não apenas lega, mas socialmente aceita. Quando o estado emite moeda — para arcar com gastos sociais, financiar dívida ou seja qual motivo for — ele está “roubando” poder de compra de quem utiliza aquele dinheiro. Você, eu, todos nós somos diluídos para beneficiar os poucos amigos do rei que têm acesso rápido ao novo dinheiro (como eu explico nesta edição da DZCM:

DZCM #49: Efeito Cantillon: como o estado cria desigualdades

E como o Bitcoin impede essa cascata

Quando Satoshi criou o Bitcoin, ele não apenas revolucionou a forma como enviamos dinheiro, mas, acima de tudo, nos lembrou de que o dinheiro não precisa perder valor ao longo do tempo. De fato, ele NÃO DEVE perder valor: uma moeda que se desvaloriza é uma moeda doente. Não trabalhe por algo que outro homem pode imprimir, diluir e usar para te deixar mais pobre.

Corte de juros agora e US$ 120 bilhões de liquidez no mercado até abril. O Fed voltou a ligar as torneiras e dar a droga a alguém (no caso, um sistema) que já estava sofrendo com abstinência. Agora veremos se o bear market realmente chegou para o Bitcoin.

Governos não vão deixar de imprimir dinheiro. Fed realizou os maiores programas de injeção de liquidez (repo) desde a pandemia, injetando mais de US$ 20 bilhões no mercado. E o Bitcoin segue abaixo de US$ 100 mil. Estamos longe de um mercado de baixa, muito longe.

Essa imagem foi publicada na newsletter da Blockware Mining e mostra o tamanho do código tributário dos EUA. Quase 10 metros de altura. Ainda assim é fichinha perto do livro mastodôntico que é o código tributário brasileiro no geral. Mesmo assim, mostra como os EUA involuíram desde a sua independência. O cidadão americano não apenas paga mais impostos, mas precisa entregar cada vez mais dados e cumprir mais regras impostas pelo IRS, a receita federal de lá. E muitos desses impostos são usados para financiar atos que boa parte da população desaprova. Só tem uma maneira de reduzir o poder do estado de sugar riqueza e desvia-la para fins improdutivos. #bitcoin

Hoje a Strategy fez uma nova compra de Bitcoin, e uma das maiores de 2025: mais de 10.000 BTC. Sim, apesar de ter criado uma reserva de US$ 1,44 bilhão para enfrentar volatilidade e ter liquidez para pagar juros e dividendos, a Strategy expandiu seu caixa. E isso com grande parte do dinheiro da compra sendo captado através de emissão de ações. Michael Saylor continua revolucionando sua estratégia.

O confisco/bloqueio da poupança de 1990 foi um evento traumático do qual sentimos os efeitos até hoje. Mesmo com todo esse fracasso, a equipe econômica do Collor teve pelo menos um grande mérito. E é sobre isso que trata a newsletter dessa semana.

DZCM #70: O Confisco e a definição de inflação

Qual a "lógica" por trás do maior crime financeiro da história do Brasil

Dicas para quem tem iPhone: 1) aprenda inglês; 2) tenha o iBooks instalado; O que não falta lá são livros de graça para ler. E mesmo os pagos você pode encontrar livros a partir de R$ 0,90. Não tem desculpa para não ler pelo menos um livro por mês ano que vem.

A compra da Warner pela Netflix diz muito sobre as mudanças de mercado. Uma empresa nova, que revolucionou totalmente um mercado, decide comprar uma marca que emana tradição. No mundo financeiro, a atual reserva de valor também emana tradição e anos de história exercendo seu papel. Mas como a Warner, o ouro também viu suas limitações aparecerem à medida que o mundo se transformava. O padrão-ouro não acabou apenas por causa do Nixon Shock (embora ele seja o grande responsável), mas sim porque o ouro não era um ativo com bom “deslocamento espacial”. Armazenar e transportar ouro demanda enormes gastos com aviões, trens e equipes de segurança. E pode acarretar inúmeros prejuízos caso essa carga de ouro se perca em um acidente — como o caso de um avião que derrubou parte de sua carga de ouro na Sibéria há alguns anos. E assim como a Netflix, o Bitcoin surgiu e revolucionou o mercado de reserva de valor. Digital, absolutamente escasso e intangível, o BTC permite o transporte de bilhões de dólares num simples pen drive ou até em um pedaço de papel ou placa de metal. Se a Netflix hoje comprou a Warner, não se surpreendam com o Bitcoin “roubando” pelo menos 10% dos quase US$ 25 trilhões de valor de mercado do ouro. E sobre o Nixon Shock, deixo uma das edições da DZCM onde falo sobre o que aconteceu após 1971.

DZCM #30: o Efeito Nixon

Ou quando uma moeda forte torna-se fraca

Investir (e poupar em Bitcoin) é tirar seu corpo da destruição da corrida dos ratos.

DZCM #69: slow living – como investir reduz seu estresse?

Pare de correr atrás do dinheiro e faça-o correr por você

“As pessoas que construíram catedrais não pensavam no lucro.” Satoshi também não pensou no lucro ao construir o Bitcoin. E ambos fizeram as maiores obras da história humana. Hoje veremos qual é a relação entre Bitcoin, catedrais e pensamento de longo prazo.

DZCM #68: catedrais, poupança, Bitcoin e pensamento de longo prazo

Por que alguém gasta dinheiro em algo que nunca verá concluído?