**Democracia não tem censura!**
*Artigo de Rodrigo Constantino publicado em 22/07/2025 na Gazeta do Povo*
Na "democracia" relativa e pujante do Brasil, temos censura e Câmara fechada para reuniões de comissões. Cada vez fica mais difícil o papel dos vassalos do regime para defender tanto absurdo justamente em nome de "proteger a democracia". José Nêumanne desabafou: estamos numa ditadura! Mais e mais gente que, de certa forma, demorou a acordar vai se dando conta de que passaram de todos os limites.
No podcast Inteligência Ltda desta terça, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo foram "sabatinados" pelo jornalista Diogo Schelp e o petista Leonardo Demori. Após mais de três horas de conversa, o desfecho foi o ponto alto: Vilela, o apresentador, disse que não acha que vivemos numa ditadura (ainda), dando como "prova" o próprio programa dele. Figueiredo sugeriu, então, que ele chamasse o argentino para falar das urnas. Vilela disse que aí era demais, pois não queria perder o programa. Democracia?
Quando há censura, o maior prejudicado é o cidadão, que fica alijado de seu direito de informação. Banir jornalistas de redes sociais, proibir o ex-presidente de dar entrevistas, tudo isso é típico de regimes tirânicos e fechados. Alexandre de Moraes não consegue mais esconder a natureza totalitária do regime que montou com seus cúmplices, e a tendência é escancarar mais e mais esses abusos.
Mas não há mais "unanimidade" nem dentro da primeira turma. Talvez como reflexo já da perda de vistos americanos, o ministro Luiz Fux divergiu de Moraes e votou contra as medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro. Ele destacou que a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) não apresentaram novas provas que justifiquem as restrições aplicadas e entendeu que as acusações baseiam-se apenas no argumento de "possível prática de ilícitos". Finalmente um voto de juiz em meio a tanta politicagem suprema!
Já Barroso, depois de dançar nos lençóis maranhenses e pegar avião da FAB com vários seguranças, disse aos jornalistas que não estão comentando sobre o assunto do visto no momento. Logo ele, que fala tanto, que dá pitaco em tudo fora dos autos! Sentiram. E vem mais aí. O jogo está só começando, e dessa vez o lado certo conta com um apoio de peso: o homem mais poderoso do mundo, Donald Trump, disposto a impedir que o Brasil seja a próxima Venezuela no continente.
Mas Geraldo Alckmin, o colega de terroristas islâmicos, alega que está tratando do caso das tarifas de forma "reservada". É tão reservada que nem a Casa Branca tomou conhecimento! As sanções vêm aí, não resta dúvida, pois Trump já deixou claro que o motivo é o STF, não uma questão comercial. Democracia não tem censura! E o Brasil tem, cada vez mais. Ou o nosso país volta a ser uma democracia, ou vai arcar com duras consequências de optar pelo eixo do mal...
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/democracia-nao-tem-censura/
The Narrator
Narrator@NostrAddress.com
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I am Jack's inflamed sense of rejection.
Notes (9)
**A resposta bateu no CPF**
*Artigo de Fernão Lara Mesquita publicado em 19/07/2025 no Vespeiro*
Marco Rubio apertou o botão. Num gesto que escancarou a porta da crise internacional, o secretário de Estado americano anunciou o cancelamento dos vistos dos ministros do STF, de seus familiares e aliados. Não foi um recado. Foi um tapa.
Enquanto Brasília amanhecia em estado de exceção judicial, com tornozeleiras eletrônicas, buscas e ordens esdrúxulas contra um ex-presidente, Washington reagia. Mas não com diplomacia — com sanção. Sanção pessoal, direta, nominal. A linguagem que Brasília entende.
Rubio não usou eufemismos. Falou em perseguição, censura, repressão à liberdade de expressão e violação de direitos de cidadãos americanos. Disse o que ninguém mais no Ocidente teve coragem de dizer: que há algo podre no Judiciário brasileiro.
E foi além. Disse que, se é para combater autoritarismo, que se comece por impedir que seus operadores passeiem por Miami com imunidade e cartão corporativo. Não há habeas corpus para shopping nos EUA.
A Corte brasileira, que adora mirar em Trump para justificar seus delírios, agora se vê no centro do radar do trumpismo real, com poder e vontade de agir. O tribunal que se acha o Olimpo do mundo jurídico virou alvo de sanção internacional.
O Brasil, que finge normalidade democrática enquanto prende opositores e censura redes sociais, começa a descobrir o preço da impostura.
Fonte: https://vespeiro.com/2025/07/19/a-resposta-bateu-no-cpf/
**O capital não faz militância — faz as malas**
*Artigo de Fernão Lara Mesquita publicado em 18/07/2025 no Vespeiro*
Em reação fulminante à instabilidade política e às tensões com os EUA, investidores estrangeiros sacaram R$ 4,8 bilhões da Bolsa brasileira em apenas seis dias úteis, revertendo todo o otimismo de julho. A fuga ocorreu logo após o anúncio das tarifas americanas e refletiu um recado claro: discurso ideológico e insegurança institucional custam caro. Enquanto Brasília briga com o espelho e flerta com o autoritarismo, o dinheiro – sem pátria nem paciência – já está do lado de fora batendo a porta.
Fonte: http://vespeiro.com/2025/07/18/o-capital-nao-faz-militancia-faz-as-malas/
**Tornozeleira em Bolsonaro: a arrogante e mesquinha tirania do consórcio Lula-STF**
*Artigo de J. R. Guzzo publicado em 19/07/2025 na Gazeta do Povo*
Não dá mais para chamar o regime ora vigente no Brasil de outra coisa que não seja ditadura. É uma ditadura alternativa. Não tem general na Presidência da República. É exercida num sistema de sociedade por cotas – metade é do presidente e suas gangues partidárias; a outra parte é do STF. Tem polícia política, é claro, porque, sem bala, camburão, cárcere e tornozeleira, não há ditadura. Sua grande originalidade é que não pretende mandar em tudo. Só manda – e aí manda 100% – naquilo que considera essencial. Obviamente, é o consórcio que faz as leis.
Quer dizer: faz qualquer coisa, ou faz tudo o que quer, e diz que isso é legal, porque são eles mesmos, os sócios, que decidem o que é lei e o que é fora da lei no Brasil. Não há ninguém acima deles; ninguém pode mudar nada do que decidem. O consórcio Lula-STF faz leis sobre uso de linguagem neutra nas escolas, IOF ou terras para índios. Aplica (e, sobretudo, perdoa) multas. Proíbe a construção de estradas de ferro. Conta os votos e diz quem ganhou a eleição.
É uma maravilha, pensando bem, em matéria de desfrutar os bônus de ter uma ditadura e não se aborrecer com os seus ônus. Não requer prática nem habilidade: qualquer semianalfabeto, como é o caso de Lula, ou repetente duas vezes no concurso para juiz de direito, como o ministro Toffoli, pode ser ditador nesse esquema.
Você faz só o que lhe interessa; não precisa fazer o resto do serviço. Censura das redes interessa? Então eles fazem censura nas redes sociais. Prender pessoas indefesas interessa? Então eles socam 14 anos de cadeia na moça do batom.
No setor “prisões”, o que mais fascina a ala carcerária do regime Lula-STF – e especialmente o ministro Alexandre de Moraes – é que acabam de dar uma das exibições mais arrogantes de tirania que já deram até hoje: intencional, selvagem e mesquinha. Sem nenhum motivo coerente, a não ser a satisfação de desejos de se vingar e de humilhar os vencidos, Moraes colocou tornozeleira no ex-presidente Bolsonaro, bloqueou suas comunicações e o proibiu de falar com o filho.
É um dos momentos mais abjetos da história do STF – escurecido por manifestações de alegria explícita, de parte dos ministros, do governo e da mídia, com mais uma apoteose de crueldade na punição de Jair Bolsonaro. Há intensa satisfação, de todos eles, em mostrar que o réu já está condenado antes de receber a sentença. Era comum, nas prisões americanas, que os guardas encarregados de conduzir até a cadeira elétrica os condenados à morte anunciassem em voz alta, ao passar pelos corredores: “Dead man walking”. O costume foi suspenso por excesso de crueldade. Aqui, com a tornozeleira, entrou em sua fase de ouro.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jr-guzzo/tornozeleira-em-bolsonaro-a-arrogante-e-mesquinha-tirania-do-consorcio-lula-stf/
**Ainda somos dignos de uma democracia?**
*Artigo de Francisco Escorsim publicado em 18/07/2025 na Gazeta do Povo*
Há três anos, escrevi sobre o cansaço de fingir que nossa democracia ainda vivia. Fui devolvido àquele escrito por um editorial recente desta Gazeta do Povo (fiquei honrado pela menção e até feliz por ver que alguns textos permanecem vivos), que retomou minha pergunta melancólica: "Como as democracias renascem?".
Aquela coluna de 2022 foi, percebo agora, parte do meu processo de luto. Um luto comungado com muitos, mas ainda em número insuficiente, de quem enxerga perfeitamente bem a morte da nossa democracia. Como um todo, nós, a sociedade brasileira, ainda estamos na fase da negação.
Isso ficou escancarado com a primeira reação geral à carta do presidente dos EUA, Donald Trump, que informou o governo brasileiro sobre a aplicação de tarifas comerciais como sanções por perseguição judicial a Jair Bolsonaro e às chamadas 'big techs'. Trocando em miúdos, está nos acusando de não agirmos como uma democracia.
Foi um griteiro só por aqui em defesa de nossa soberania, que seria interferência externa em assuntos internos e bibibi e bobobó, passando-se, então, a concentrar o debate público apenas na questão econômica, como tentar negociar etc.
Mas recusamos, até aqui, a encarar os principais motivos apontados na carta e tentar lhes dar resposta mínima. E Trump vem repetindo parte desses motivos, dia após dia, em entrevistas e pronunciamentos: só fala da perseguição judicial a Bolsonaro.
Sim, concordo que focar apenas nisso faz parecer coisa de irmão mais velho e forte tentando vingar o menor que apanhou na escola.
Mas uma análise honesta do que vem fazendo o STF há muitos anos revela, sem dificuldade, que o julgamento de Bolsonaro se insere em um processo de destruição flagrante do Estado de Direito. Isso é apenas um exemplo de abuso dentre centenas de outros que possuem arbitrariedades ainda maiores. Como no caso de Filipe Martins, por exemplo.
Nesta semana, Alexandre de Moraes novamente agiu de forma absurda para uma democracia: atingiu uma rede social estrangeira que sequer opera no Brasil, ordenando-lhe diretamente censurar pessoas sob pena de multa, ignorando o devido processo legal de comunicação entre estados soberanos. Ou seja, Alexandre de Moraes quem age como quer, quando quer, sem pudor algum, achando-se autoridade de país estrangeiro como se fossem parte da cozinha de sua casa.
Negamos o absurdo dessas coisas e a consequente morte da democracia quando tratamos como se fosse uma "crise institucional". Não é mais. Hoje é, simplesmente, o funcionamento “normal” de um sistema autoritário onde o Executivo só governa através do Judiciário, que se tornou mais do que um poder moderador, fazendo do Legislativo um coadjuvante, um bibelô democrático.
Aliás, como se viu mais uma vez nesta semana com a decisão monocrática do mesmo Alexandre de Moraes esfarelando a decisão do Congresso sobre a confessa inconstitucionalidade do aumento do IOF pelo governo - confessa, porque foi anunciada por Haddad como sendo medida arrecadatória de um imposto que só poderia ter finalidade regulatória. Pouco importa o que seja, o que está valendo é a vontade de apenas uma pessoa: Alexandre de Moraes.
O editorial que me trouxe de volta àquela pergunta de 2022 tem razão: democracias mortas não ressuscitam por decreto ou por wishful thinking. O que significa dizer que temos um começo de resposta. O “como” principia pelo “quando”.
Se só o que dá para fazer agora é nomear as coisas pelo que são, insistamos nisso. Não há "tensão entre poderes", mas concentração de poder nas mãos de uma única pessoa - ou onze. Não há "crise institucional", mas captura institucional. Não há "Estado de Direito", mas um regime autoritário em vias de consolidação. Não há “Democracia”, mas Supremocracia.
Significa também continuar cobrando dos nossos representantes que parem de normalizar o anormal, continuar exigindo transparência real nos processos judiciais, continuar questionando cada decisão monocrática que rasga a Constituição. Ainda que pareça inútil, como espasmos de um corpo recém-morto, insistamos.
Pensando melhor, talvez a pergunta que devemos responder não seja se, como ou quando a nossa democracia vai renascer, mas se ainda somos dignos de uma. A dignidade sobrevive em cada um que se recusa a normalizar o inaceitável. Mesmo que sejamos poucos. Especialmente porque somos poucos.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/francisco-escorsim/ainda-somos-dignos-de-uma-democracia/
**Servidão voluntária, versão brasileira**
*Artigo de Luciano Trigo publicado em 18/07/2025 na Gazeta do Povo*
Um dos mais provocativos ensaios políticos da História do pensamento ocidental foi escrito no século 16, por um jovem de apenas 18 anos, Étienne de La Boétie (1530-1563). No “Discurso da servidão voluntária”, ele formulou uma tese de desconcertante atualidade: os tiranos não se mantêm no poder pela força das armas, mas pelo consentimento tácito dos oprimidos. Essa submissão não é imposta; ao menos em parte, ela é escolhida, ainda que de forma inconsciente.
A tese é mais psicológica do que política: a opressão se perpetua não porque o tirano seja onipotente, mas porque os indivíduos abdicam, deliberadamente, de sua responsabilidade moral e se entregam à servidão - por medo, indiferença ou até por entusiasmo:
“Coisa realmente admirável, porém tão comum, que deve causar mais lástima que espanto, é ver um milhão de homens servir miseravelmente e dobrar a cabeça sob o jugo, não que sejam obrigados a isso por uma força que se imponha, mas porque ficam, por assim dizer, enfeitiçados somente pelo nome de um, que não deveriam temer, pois ele é um só, nem amar, pois é desumano e cruel com todos.”
Quase cinco séculos depois, o Brasil oferece uma ilustração quase perfeita do diagnóstico de La Boétie. Sob o pretexto de combate a discursos de ódio, fake news ou ameaças à democracia - expressões vagas, elásticas, aplicadas de forma arbitrária por instâncias de poder cada vez mais concentradas - liberdades civis vêm sendo sistematicamente corroídas, enquanto a censura avança em nome de um bem difuso.
A democracia é usada como pretexto para suprimir a própria liberdade democrática. Aumento da vigilância estatal, limitações à liberdade de expressão e excesso de regulamentações têm reduzido sistematicamente o espaço para o dissenso. Instituições que deveriam garantir os direitos do cidadão se tornaram instrumentos de controle e punição.
Aumento da vigilância estatal, limitações à liberdade de expressão e excesso de regulamentações têm reduzido sistematicamente o espaço para o dissenso. Leis que restringem o uso de redes sociais, sob o pretexto de combater desinformação, e a judicialização da política refletem essa tendência.
Mas a maior parte da população parece não perceber que está vivendo sob um regime cada vez mais autoritário - ou, o que é pior: percebe e aceita. Tratei desse tema, aliás, no artigo "E se as pessoas não quiserem ser livres?"
La Boétie afirma que o hábito de obedecer leva à perda da própria consciência da liberdade: o homem nasce livre, mas se acostuma à servidão ao ponto de vê-la como um aspecto natural da vida. Isso também é visível no Brasil de hoje: a censura e a perseguição não provocam qualquer comoção, e o controle das redes sociais é visto por muitos como uma forma legítima de moderação.
A pergunta que se impõe é: como chegamos a esse ponto sem que houvesse uma indignação proporcional à gravidade das perdas? Essa passividade, segundo La Boétie, pode ser explicada por diversos fatores, como o costume, o medo, a manipulação e a fragmentação social. O costume de aceitar a intervenção estatal, o medo de represálias e a manipulação da opinião pública criam em nosso país um ambiente de apatia difícil de reverter.
A população parece ter se acostumado a certas formas de controle estatal. Décadas de intervenção governamental em diversas esferas da vida criaram uma mentalidade de dependência.
Ao mesmo tempo, programas sociais, embora necessários em muitos casos, são frequentemente usados como ferramentas políticas, condicionando a população a aceitar restrições em troca de benefícios. Essa dependência leva à aceitação de medidas autoritárias.
O medo é outro pilar da servidão voluntária. No Brasil, o discurso do medo é constantemente explorado para justificar medidas restritivas e silenciar os críticos.
A narrativa de que a liberdade de expressão pode desestabilizar a democracia, ou que protestos representam ameaças à ordem, cria um ambiente no qual a população passa a temer exercer seus direitos. O medo de retaliações - jurídicas, sociais ou profissionais - reforça os grilhões.
Complementa esse cenário o papel vergonhoso da grande mídia, que contribui para apagar da consciência dos brasileiros a própria memória da liberdade. Este é um dos argumentos mais poderosos de La Boétie: ao se costumarem com a servidão, as pessoas esquecem o que é ser livre.
No Brasil, a história de regimes autoritários, como a última ditadura militar, deveria servir como lembrete dos perigos da concentração de poder. Mas a falta de educação cívica e o desconhecimento da História levam muitos a subestimar a importância das liberdades individuais, sobretudo nas novas gerações, que passam a naturalizar restrições à liberdade.
Além disso, a dependência do Estado se aprofundou. La Boétie argumenta que pessoas acostumadas à submissão aceitam grilhões em troca de segurança ou pequenos benefícios.
Ora, milhões de brasileiros de todas as classes dependem, direta ou indiretamente, de auxílios públicos, subsídios, contratos, emendas, nomeações. É toda uma rede de aliados que lucram com a opressão e sustentam a tirania. E essa estrutura clientelista transforma o cidadão em súdito.
Isso se manifesta em diferentes grupos de interesse, que se beneficiam de políticas públicas específicas, e nas elites políticas, que perpetuam sua influência por meio de alianças. Essa rede cria uma camada de indivíduos que, mesmo cientes das restrições às liberdades, preferem manter as coisas como estão, para preservar seus privilégios.
A corrupção endêmica, ainda que combatida em alguns momentos, reforça essa dinâmica, com muitos cidadãos aceitando-a como um aspecto do nosso caráter nacional.
Além disso, a fragmentação social – intensificada pela polarização e pela desigualdade – impede a formação de um movimento unificado. Muitos brasileiros, sobrecarregados por preocupações econômicas, priorizam a sobrevivência imediata, em detrimento da luta por liberdades abstratas.
A indignação, quando surge, é tímida, restrita a algumas bolhas. A maioria prefere não ver, não saber, não se envolver. Alguns se iludem com a promessa de que a repressão se dirige a penas a extremistas. Outros se comprazem com a perseguição aos seus adversários. Tudo isso acontecia já no século 16.
Apesar do pessimismo, La Boétie conclui o "Discurso sobre a servidão voluntária" com um comentário que deveria servir de alento: não é preciso violência ou revolução sangrenta para derrubar a tirania. Basta que o povo deixe de obedecer:
“Não é preciso combater nem derrubar esse tirano. Ele se destrói sozinho, se o país não consentir com sua servidão. Nem é preciso tirar-lhe algo, mas só não lhe dar nada. (...) São, por conseguinte, os próprios povos que se deixam, ou melhor, que se fazem maltratar, pois estariam livres se parassem de servir. É o próprio povo que se escraviza e se suicida quando, podendo escolher entre ser submisso ou ser livre, renuncia à liberdade e aceita o jugo; quando consente com seu sofrimento, ou melhor, o procura”.
Essa resistência, contudo, exigiria coragem e virtude cívica — qualidades que a servidão voluntária procura, justamente, enfraquecer.
Em todo caso, a lição de La Boétie é clara: a tirania se alimenta do silêncio e da passividade. Quando o povo prefere o conforto da obediência à incerteza da liberdade, ele se torna cúmplice da sua própria escravidão.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luciano-trigo/servidao-voluntaria-versao-brasileira/
**Coisa de Coreia do Norte!**
*Artigo de Rodrigo Constantino publicado na Gazeta do Povo em 18/07/2025*
Não restava dúvidas de que Alexandre de Moraes dobraria a aposta. Ele não tem mais alternativa, pois investiu demais na perseguição a Jair Bolsonaro e sabe que o preço de um acordo para pacificar o país é justamente a sua cabeça. Por isso ele resolveu adotar medidas cautelares que, na prática, transformam Bolsonaro num preso político, num refém sequestrado. Para tanto, Moraes peitou Donald Trump de forma insana, chegando a chama-lo de inimigo. É uma declaração de guerra.
André Marsiglia resumiu bem: "Moraes fala, em sua decisão, em 'inimigos internos e externos'. Não fala de réu ou de leis. Moraes sai da cadeira de juiz e fala em nome do governo. É uma declaração grave de guerra".
Qualquer um que finja existir normalidade institucional e foque em “eleições de 2026” nesse momento é ou muito alienado ou um baita oportunista! Está claro que estamos lidando com uma situação bem mais delicada, que torna a própria eleição uma incógnita.
O Brasil já virou a Venezuela! Resta saber se Trump, com a ajuda do povo brasileiro, consegue reverter a situação. Bolsonaro é neste momento, repito, um preso político. Não há como falar em eleições de 2026 nesse contexto.
Só lembrando: a Venezuela também teve que arrumar outro candidato, já que Corina Machado estava inelegível, assim como Capriles. Edmundo González venceu Maduro, mas não levou. Isso já é o Brasil de 2026. Portanto, a todos os políticos que só pensam em estratégia eleitoral, vai um alerta: acordem!
O cerco que se fechou contra Bolsonaro é típico de tiranias totalitárias. Os bandidos perseguem os mocinhos, e não conseguem mais esconder sua essência maligna, seu duplo padrão.
Nikolas Ferreira lembrou bem: "Lula foi condenado em três instâncias e posteriormente preso. Nunca o vi proibido de falar com alguém, usando tornozeleira ou sem ter acesso às redes sociais. Ele ainda chegou a conceder entrevista de dentro da prisão. Na democracia relativa as coisas são bem diferentes".
Bolsonaro, falando à Reuters, disse que sabe que será preso, provavelmente em agosto, e que Moraes manda no país. O ex-presidente disse estar num cadafalso, e na hora que o ministro quiser ele chuta o banquinho. Bolsonaro alertou que o querem morto. E já tentaram matá-lo antes, não custa lembrar.
Tudo isso representa uma escalada assustadora no avanço da tirania brasileira. A retaliação por parte de Trump virá. Todos que relativizam o que ocorre são cúmplices, colaboracionistas de um regime de exceção. Guardar seus nomes e as provas de sua adesão é importante para o futuro, se essa ditadura for derrotada.
Perguntado pela Reuters qual a pior parte das medidas de Moraes, Bolsonaro não titubeou e disse: a proibição de falar com seu filho. Proibir de falar com o filho: isso é psicopatia nível Kim Jong-Un, padrão Coreia do Norte. A dúvida era quando o Brasil seria uma nova Venezuela. Pelo visto, pulamos etapas!
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/bolsonaro-stf-coisa-de-coreia-do-norte/
**EUA miram a juristocracia brasileira: o STF e o crepúsculo da justiça**
*Artigo de Flávio Gordon publicado em 17/07/2025 na Gazeta do Povo*
“O homem que comete injustiça é mais infeliz que aquele que a sofre” (Platão, Górgias)
No ano de 1999, o penúltimo do século XX, Olavo de Carvalho manifestou o temor de que, se o século que se encerrava começara pedindo ditaduras e terminara clamando por democracia, o século seguinte fizesse o caminho inverso, demandando democracias e parindo ditaduras. Dito e feito. O “Século do Judiciário” – como foi caracterizado por mais de um tirano no Brasil – é o século da democracia meramente formal e cenográfica, da qual o povo passa a léguas de distância.
Olavo inspirava-se em uma célebre frase do escritor Georges Bernanos, segundo quem “a democracia não é o oposto da ditadura: é a causa dela”. E ambos, Bernanos e Olavo, decerto se inspiraram em Platão, que disse em A República (564b): “A democracia, ao conceder liberdade a todos, cria as condições para que um homem, ou um pequeno grupo, se apodere do poder e o exerça de forma tirânica”.
Com essa advertência, Platão pretendia mostrar como a liberdade desordenada permite a ascensão de um governo arbitrário ao poder. Com ela, o velho filósofo grego parece ter previsto o Brasil de 2025, onde o Supremo Tribunal Federal (STF), em sua pretensão de ordenar o cosmos político, ergue-se como um verdadeiro demiurgo judicial, legislando, julgando e executando com a soberba de quem se julga acima dos reles mortais.
A decisão de 26 de junho, que mutilou o artigo 19 do Marco Civil da Internet, obrigando plataformas digitais a exercerem censura preventiva sob o vago pretexto de combater “condutas ilícitas”, é mais que um atentado à liberdade de expressão; trata-se de uma revolta contra a ordem da justiça, que, desde Platão até São Tomás de Aquino, exige que a lei sirva ao bem comum, não ao capricho de uma casta. Os Estados Unidos, sob a administração Trump, reagiram com a ameaça de tarifas de 50% com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, denunciando as “restrições ilegais” do STF. Mas o que está em jogo não é apenas uma querela comercial: é a alma do Brasil, devorada por um Leviatã juristocrático que deglute e regurgita a “soberania nacional” em forma de slogan vazio.
No seu último e mais extenso diálogo, Leis, Platão também alertou expressamente para o perigo de governantes que, sob o véu da autoridade, subvertem a ordem legal: “Onde a lei não tem autoridade, ali a cidade está à beira da ruína; mas onde a lei é soberana, acima dos governantes, ali reside a salvação da cidade” (Leis, 715d). Ao obrigar plataformas como Google e Meta a removerem conteúdos com base em critérios subjetivos e arbitrários, o STF inverte essa máxima. A decisão, aprovada por oito votos contra três, transforma as gigantes da tecnologia em inquisidores algorítmicos, forçados a antecipar os humores da Corte sob pena de multas e sanções. Como observou o advogado André Marsiglia, esse “dever de cuidado” – um eufemismo orwelliano – cria um efeito inibidor (chilling effect) que sufoca o verbo, desde o jornalismo investigativo até o humor político. A lei, que deveria ser, nas palavras de São Tomás de Aquino, “uma ordenação da razão para o bem comum”, torna-se um instrumento de arbítrio, onde a subjetividade dos juízes prevalece sobre a objetividade da justiça.
Sob administração de um sujeito que foi vítima pessoal da perversão da justiça, os EUA não tardaram em responder. O relatório do Escritório do Representante Comercial, de 15 de julho de 2025, acusa a regulação brasileira de ameaçar a “livre circulação de ideias” e impor custos desproporcionais às empresas americanas. A ameaça de tarifas, a vigorar a partir de 1º de agosto, é um golpe na economia brasileira, mas também representa a Nêmesis que pune a hybris do STF.
Como, novamente, ensinou Platão (Górgias, 469b): “o maior mal é cometer injustiça, pois o injusto não apenas prejudica os outros, mas corrompe a si mesmo”. O Supremo, ao se arvorar como chefe de Estado do país, comete essa injustiça, pois subverte a separação dos poderes e corrompe o Estado democrático que diz proteger. A licitação de 2024 para monitorar redes sociais, com relatórios diários e georreferenciamento, é um panóptico digital que ultrapassa a imaginação de Jeremy Bentham. A deputada Carol de Toni denunciou esse “olho que tudo vê” como um atentado à liberdade, mas a Corte, surda às críticas e cega à destruição causada, marcha para o abismo como um Weltgeist hegeliano – ao som, não de Die Walküre, mas de “Tocando em Frente”.
Essa aventura juristocrática é a mais pura inversão revolucionária, que troca a ordem natural pela vontade de uma nomenklatura togada. Nessa ópera do cerrado, o Congresso reduz-se a um espectador impotente. E o povo, que adorna essa democracia de festim, reduz-se também a um mutismo dolente de escravo.
A reação americana é, portanto, sintoma de um mal maior. O cientista político Thales Castro, do Iperid, observa que a retórica antiocidental do governo Lula, aliada às decisões do STF, cria um ambiente hostil que agora reverbera na economia. Fábio Coelho, do Google Brasil, alerta que o jornalismo e o humor político poderão ser vítimas da censura algorítmica. A Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão, liderada por Júlia Zanatta, denuncia a “subjetividade perigosa” dos critérios da Corte, mas o Supremo, esse Torquemada cibernético, permanece alheio aos clamores dos “hereges”.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/flavio-gordon/eua-miram-a-juristocracia-brasileira-o-stf-e-o-crepusculo-da-justica/
*Artigo de Leandro Ruschel publicado no X em 16/07/2025*
A perseguição política contra a direita, no Brasil e nos EUA, foi arquitetada pelo deep state norte-americano — aparelhado pela esquerda. Agora o jogo virou, mas quase ninguém está comentando o que realmente importa
Quase toda análise sobre o embate entre o governo americano e o regime brasileiro fica na superfície, ignorando o cerne da questão. A mesma esquerda que hoje balança a bandeira da “soberania nacional” — reação típica de regimes autoritários quando punidos por sanções externas — abraçou de bom grado, no passado, a intervenção norte-americana que montou uma engrenagem de censura e repressão à direita, sobretudo no ambiente digital.
Já sabemos que a retórica da “moderação” de redes, do combate às “fake news” e ao “discurso de ódio” não surgiu espontaneamente, tampouco foi iniciativa genuinamente brasileira. Tudo foi gestado no Departamento de Estado dos EUA e nos seus tentáculos, como a USAID, em parceria com fundações globalistas bilionárias — Open Society (George Soros) e Luminate Group (Pierre Omidyar), entre outras.
A esquerda aparelhou o Estado americano para concentrar poder e promover um projeto globalista que, paradoxalmente, mina a própria soberania dos EUA. As maiores ameaças a esse plano foram o movimento MAGA de Trump e o Brexit, que lançou um tiro de canhão na União Europeia — a joia do socialismo globalista.
As redes sociais livres romperam o monopólio da velha imprensa, possibilitando o renascimento da direita no Ocidente. O deep state reagiu acionando sua máquina: acadêmicos criaram a “base científica” para justificar censura “em defesa da democracia”; laboratórios de internet, bancados por dinheiro público e filantropia ideológica, mapearam perfis conservadores a serem silenciados; e as agências de “fact-checking” assumiram o papel de Ministério da Verdade, ditando a “versão oficial” dos fatos.
Investidores militantes pressionaram Big Tech a implementar a censura sistemática — tarefa facilitada, já que boa parte de seus executivos compartilha a mesma visão ideológica. Em paralelo, diplomatas americanos fizeram lobby mundo afora para exportar esse aparato repressivo. O Judiciário brasileiro abraçou o modelo com entusiasmo.
O timing não foi obra do acaso. Após a devastação econômica patrocinada pelo petismo e o terremoto moral exposto pela Lava Jato, o Brasil entrou em ebulição. Tornou-se imperativo controlar a narrativa. Não por outra razão, os manuais de “combate à desinformação” e “proteção da democracia” adotados pelo Judiciário copiam, ponto por ponto, o roteiro do deep state norte-americano.
O objetivo era cristalino: reverter as condenações de dezenas de figurões do establishment — investigados, julgados e presos no maior esquema de corrupção da história — e devolvê-los ao poder.
Durante a eleição de 2022, o governo Biden foi além: mobilizou sua máquina diplomática para garantir a ascensão de Lula — algo reconhecido pelo ministro Luís Roberto Barroso. Em evento do LIDE, em Nova York, Barroso afirmou ter pedido repetidas declarações de apoio dos EUA à “democracia brasileira”, ressaltando que isso influenciou os militares, “que não gostam de se indispor com os Estados Unidos”.
Nenhum progressista falou em “soberania” quando essa intervenção se desenrolava entre 2019 e 2022.
Mas o jogo virou. O esquema totalitário que a esquerda globalista ergueu recaiu sobre Trump: sabotaram sua gestão, usaram todo tipo de manipulação para retirarem ele do poder em 2020 e, em 2024, ele foi alvo até mesmo de tentativas de assassinato. De volta ao poder, Trump iniciou a desarticulação do aparato esquerdista: a USAID foi esvaziada e ONGs vermelhas mundo afora perderam verbas.
É aí que está o drama do establishment brasileiro: o pilar americano de sua máquina de repressão ruiu. Esse é o pano de fundo das tarifas. Sob comando MAGA, pelo menos até 2029, os EUA não patrocinarão mais regimes de censura como o brasileiro.
As tarifas são apenas uma alavanca de pressão. Além disso, Brasília se alinha ao eixo antiamericano — China, Rússia e Irã. Sem o respaldo de Washington, o regime brasileiro enfrenta um dilema: restaurar a democracia e preservar laços com os EUA, ameaçando perder o poder, ou aprofundar a repressão e isolar-se do Ocidente, trilhando o caminho de China, Rússia e Venezuela.
Enquanto a militância de redação culpa Bolsonaro, o buraco é mais embaixo. Com ou sem Bolsonaro, enquanto o regime censurar a direita e se alinhar a inimigos dos EUA, o conflito com Washington só vai escalar.
Os sócios majoritários do regime brasileiro, representados pela velha oligarquia política, e pela elite empresarial e financeira, precisa encarar a realidade: manter Lula no Planalto custará cada vez mais caro.
Fonte: https://x.com/leandroruschel/status/1945505481679609863