Mais um caso anedótico. Meu pai sempre quis ser filósofo; a vida dele girava em torno disso. Cresci cercado de livros de filosofia. Quando ele tinha pouco mais de 20 anos e foi fazer vestibular, um dirigente do Partido Comunista o reconheceu na porta da reitoria e puxou conversa: — Vai prestar para quê? — Filosofia. — Não faz filosofia. Já temos gente demais nas humanas. Precisamos de alguém em exatas. Tem algo de exatas que você goste? — Gosto de Física. — Então faz Física. Ele seguiu o conselho e entrou em Física. Virou um profissional excelente, publicou centenas de artigos e chefiou diversos observatórios pelo mundo. Mas carregou a frustração de nunca ter seguido filosofia, algo que provavelmente contribuiu para o alcoolismo que acabou destruindo a vida dele.

Replies (1)