eu escrevi isto há cinco anos e este tema apareceu na minha prática desta manhã. não porque ele se repete, idêntico. não sou a mesma, e quando acredito que algo se repete é porque ainda não consegui perceber a novidade que me traz.
talvez eu esteja triste, mas essa não é uma tristeza devastadora como um furacão que passa movendo tudo de lugar.
é só uma tristeza que surgiu depois da súbita consciência de que a pressa pra viver antes de morrer me fazia adiar o que era mais importante.
pensava que fazer o crucial marcaria imediatamente meu fim mas, descobri, eu precisava agora daquilo que percebi como mais importante. e vivê-lo não seria o fim da minha vida embora com certeza marcasse o fim de uma vida minha.
era principalmente o começo. o começo de uma nova vida.
e agora assumo a tristeza, essa que surgiu quando me dei conta de que esse começo não revela nada grandioso, nenhuma ação heróica causadora de enormes explosões de transformação em tudo.
é um começo tão simples quanto o cair de uma folha de uma árvore qualquer em seu devido tempo acompanhada do vento.
eu sinto essa tristeza me percorrendo devagar e já me sinto tomada pela beleza das sutilezas cotidianas. me emociona um pequeno pé recostado em minha perna e um braço com uma pele macia tocando de leve o meu.
essa simplicidade toda me toca a superfície e as profundezas e me move tão delicadamente que se vai todo o pesar por minha existência ser brisa.
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