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terzi 5 months ago
O problema não é o "formato da rede". Para entendermos o seu último parágrafo (o qual concordo parcialmente), precisamos voltar um pouquinho no tempo. Vamos lá? Há muito, o bitcoin infelizmente foi politizado. Hodiernamente, ainda mais com Trump fazendo da criptomoeda um forte marketing para a sua eleição nos Estados Unidos. Dito isso, quando o Nostr incorporou o bitcoin ao protocolo, atraiu boa parte da direita política para cá, já que, predominantemente, o bitcoin é muito mais utilizado por pessoas que se identificam com tal ideologia política. Contudo, bem antes disso, o @fiatjaf já era um conhecido admirador de Olavo de Carvalho e um crítico ferrenho da esquerda, a ponto de colocar em sua bio do antigo Twitter "Leftism is a disease". Para um protocolo ser realmente diversificado e acolhedor a todos, é fundamental abarcar outros nichos da sociedade, que naturalmente possuirão interesses absolutamente diferentes dos seus e do idealizador do protocolo, trazendo conteúdo diversificado à rede. Vamos a exemplos práticos? Quando Elon Musk assumiu o Twitter e, posteriormente, fez um gestual claramente similar ao de Hitler, seria mais do que natural que houvesse uma debandada de usuários e anunciantes que não compactuam com sua notória ideologia política alinhada a Trump. Do mesmo modo, quando Trump criou o Truth Social, seria absolutamente natural que tal rede atrairia apenas seus apoiadores ou pessoas que compactuam com o poder estatal Republicano. O que quero dizer citando esses exemplos? Muito simples: quero dizer que o idealizador de um protocolo que vise acolher nichos diversificados da sociedade em sua rede, com interesses absolutamente distintos, não pode - jamais, em hipótese alguma - ser publicamente alinhado com ideologias partidárias, sejam elas de esquerda ou de direita. Por mais que um desenvolvedor, CEO ou idealizador de uma rede social tenha suas preferências políticas, ele deve manter-se publicamente neutro para o bem do próprio protocolo desenvolvido. Pergunto-lhe: qual é a ideologia política de Mark Zuckerberg? Ninguém pode afirmar categoricamente, por mais que suspeitemos de um hipotético alinhamento a Elon Musk e Trump. E é justamente isso que há décadas trás um público completamente diversificado ao Facebook e ao Instagram. Por que no Instagram há um conteúdo diversificado? Muito simples: porque gregos e troianos habitam por lá, ora bolas. Por fim, para agravar ainda mais esse quadro já irremissível, esse ignóbil resolveu fazer uma lista pública em que menospreza a inteligência dos próprios usuários brasileiros que prestigiam o seu próprio protocolo, chamando-os de analfabetos e semianalfabetos (ou "minimamente letrados", como você preferir), mesmo sem conhecer a formação acadêmica de qualquer um deles. Erro grave. Leviano. Interferência ideológica direta e agressiva contra aqueles que, ainda que indiretamente, estavam aqui todos os dias prestigiando o protocolo. Em suma, um amadorismo sem tamanho. Dica: se alguém quiser desenvolver um produto (e isso serve para tudo, desde shampoo a protocolos de mídia social) que acolha indistintamente a todos e, consequentemente, traga-lhe diversificação, de público e conteúdo, o idealizador do projeto deve manter-se publicamente neutro sobre suas próprias posições ideológicas pessoais. Caso contrário, atrairá tão somente pessoas que se identificam com suas próprias ideologias. Hoje, o Nostr é tão somente um espelho, uma câmara de eco. Tal qual o X também se tornou após a era Musk. E se um dia Jay Graber ou Eugen Rochko começarem a ser publicamente hostis com usuários alinhados à direita, certamente o Bluesky e o Mastodon, respectivamente, também estarão fadados ao mesmo destino de fracasso motivado tão somente por viés ideológico. Em suma, é uma questão de escolha pessoal e inteligência emocional para saber acolher um público diversificado sem agredi-lo a troco de nada.